A Presença Feminina no Grafite: Entrevista com Francyele Rodrigues Barros, a “frbeee”
O grafite, uma expressão artística que nasceu nas ruas, tem sido tradicionalmente associado a uma cena dominada por homens. No entanto, cada vez mais mulheres estão ganhando espaço e deixando sua marca nessa arte. Um exemplo é Francyele Rodrigues Barros, de 29 anos, conhecida pelo nome artístico “frbeee”. Nessa entrevista, Francyele compartilha sua trajetória no grafite, os desafios enfrentados e a importância do empoderamento feminino no cenário artístico urbano.
A Trajetória de frbeee no Grafite
Francyele Rodrigues Barros, natural de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, começou sua jornada artística desde muito jovem. O interesse pelo desenho sempre esteve presente, como ela nos contou: “Desde criança, sempre me interessei por desenho, pintava as paredes da minha casa com qualquer tinta que tinha. E isso não parou até hoje.” Em 2015, Francyele iniciou seu caminho no grafite, pintando nas ruas com a permissão dos moradores locais, o que mais tarde a levaria a oportunidades comerciais.
A paixão pela arte se manteve firme, evoluindo conforme as oportunidades surgiam: “Alguns anos depois, comecei a receber propostas de graffiti comercial, e a arte sempre fez parte de mim.” O talento nato e a dedicação de frbeee levaram seu trabalho das ruas para uma variedade de espaços e eventos, onde ela continuou a aprimorar seu estilo único.
Desafios e o Apoio Feminino no Grafite
Embora o grafite seja uma cena muitas vezes associada a um público predominantemente masculino, Francyele não permitiu que isso fosse uma barreira em sua carreira. Segundo ela, o respeito vem através da arte: “Se eu souber da minha arte e impor respeito, vou ter respeito onde estiver. No grafite, nunca percebi algum tipo de preconceito.”
Ela ressalta ainda que costuma grafitar com outras mulheres, o que cria uma rede de apoio significativa: “Geralmente grafito com outras mulheres, então nunca senti tanto impedimento por ser mulher. Criar essa rede de apoio feminino nos dá mais segurança e força para continuar.”
Mesmo assim, frbeee reconhece que a cena artística ainda está evoluindo. O preconceito e a resistência podem existir, mas a presença crescente de mulheres no grafite tem mudado esse cenário, tanto localmente quanto globalmente: “Hoje em dia tem muita mulher talentosa mandando ver e ganhando espaço, mostrando que o graffiti é pra todo mundo.”
A Natureza como Inspiração
Francyele tem um estilo particular que reflete sua conexão com a natureza. Ela compartilha que sempre busca incluir elementos naturais em suas obras: “Acho que tento trazer mais natureza em meio à cidade. Isso é importante para mim, porque acredito que a arte pode ser uma forma de nos reconectarmos com o que está ao nosso redor.” Esses elementos se destacam em suas peças, criando um contraste entre a arte urbana e o meio ambiente.
O Grafite como Ferramenta de Empoderamento
Para frbeee, o grafite vai além de uma expressão artística; é uma poderosa ferramenta de empoderamento, especialmente para mulheres. “O graffiti dá visibilidade e força para outras mulheres que se identificam com aquela arte e mensagem,” afirma ela. Francyele acredita que, ao ocupar espaço nas ruas, as mulheres não só mostram que pertencem àquele ambiente, como também inspiram outras a fazer o mesmo, seja na arte ou em suas próprias vidas.
Ela vê o grafite como uma forma de fortalecer essa rede feminina e abrir portas para novas gerações de artistas. “Quando uma mina ocupa espaço na rua, está mostrando pra todo mundo que não só pode estar ali, como pode inspirar outras a fazerem o mesmo,” conclui.
O Futuro das Mulheres no Grafite
Quando questionada sobre o futuro das mulheres no grafite, Francyele é otimista. Ela acredita que o cenário continuará evoluindo, desde que haja perseverança e respeito pelas diferenças. “Se cada mulher perseverar, e a sociedade respeitar as diferenças, a visibilidade das mulheres será bem maior do que hoje,” comenta ela. O caminho para a igualdade pode ser longo, mas é um processo contínuo que depende tanto das artistas quanto da aceitação e valorização de suas contribuições.
Para as jovens mulheres que desejam começar no grafite, mas têm medo dos desafios, frbeee oferece um conselho valioso: “Procure se aproximar de outras mulheres que vivem esse estilo de vida, aprenda nas ruas e vivencie isso como uma parte de você.” O apoio mútuo e a experiência prática são essenciais para superar barreiras e crescer como artista.
A presença feminina no grafite é uma realidade cada vez mais consolidada, e artistas como Francyele Rodrigues Barros, a frbeee, estão na linha de frente dessa transformação. Com sua arte, ela não apenas embeleza as ruas, mas também contribui para a visibilidade e o empoderamento de outras mulheres. O grafite, que já foi visto como um espaço predominantemente masculino, está se tornando um terreno fértil para a expressão feminina, e o futuro promete ainda mais igualdade e criatividade.